terça-feira, 31 de março de 2009

Você em mim


Chego em casa e a noite já caiu.
O silêncio é completo.
Acendo todas as luzes, preciso de companhia.
Exausta deixo-me cair no sofá...falta algo.
Essa certeza me incomoda.
Olho pros lados e nada preenche esse vazio.
Pergunto em voz alta, quando é que isso vai acabar...
Não obtenho resposta.
Num impulso pego o telefone, arrisco discar os primeiros dígitos,
mas desisto no meio do caminho.
Fecho os olhos e deixo-me ficar ali, imóvel, ouvindo o silêncio.
Depois de algum tempo, num esforço enorme,
levanto-me e sigo em direção do banheiro.
Preciso de um banho quente e demorado.
Aos poucos vou tirando a roupa, e quanto mais despida,
menos solidão eu sinto.
Olho-me no espelho...aparência cansada...
mas os olhos continuam brilhantes...
alguma coisa ali não mudou.
O tempo não extinguiu deles a esperança.
Como num ritual,
abro a torneira do chuveiro, deixando que a caloria da água embace o espelho,
e tal criança, começo a rabiscar coisas sem muito sentindo no vidro.
Vou pra debaixo da água e aquele toque me arrepia....
estranhamente não me sinto mais tão só.
Sinto sua presença ali.
Meu toque transforma-se no seu.
Falo, e ouço sua voz.
A água que desliza em meu corpo,
são suas mãos me acariciando,
e isso desperta em mim um grande desejo.
Faço das minhas mãos as suas....
da minha voz , suas palavras.
A cada som, mais e mais meu corpo se entrega.
Sua presença torna-se real.
Sinto seu corpo no meu.
Suas mãos percorrem meu corpo ,
descobrindo segredos, descobrindo caminhos,
invadindo cada espaço de mim.
Essa invasão me excita.
Sua boca me suga...sua língua me possui.
Não tenho forças, nem vontade de resistir.
Me entrego...
Num segundo não sou mais eu...sou você em mim.
E te tenho e você me tens...
Então nosso desejo explode num prazer indescritível.

*21/03/09*

sábado, 28 de março de 2009

Fada e Bruxa

Sou duas metades de mim.
Uma é a fada que encanta, que escreve com o sol.
A outra é a bruxa que assusta, que anda nas ruas, que escreve com a lua.
A fada é luz que emana carinho, que canta baixinho pelo caminho.
A bruxa caminha sozinha, sonhando acordada pela madrugada.
Em mim habitam dois seres.
Mas sou o resumo das duas.
Sou só,
A mulher que ama!

*25/03/09*

domingo, 15 de março de 2009



"Às vezes é preciso recolher-se.
O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta;
a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma
vez resolve sentar-se à beira dessas águas.
Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir.
É um começo de sabedoria, e dói.
Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento,
além de ser doloroso parece pobre,
triste e sem sentido.
Amar era tão infinitamente melhor;
curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico.
Não queremos escutar essa lição da vida,
amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador.
Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra
nesta praia isolada é só o que nos resta.
Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar.
Quem nos vê nos julga alheados,
quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre,
e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz.
Mas quem nos amou,
se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação,
este silencio é tanto uma máscara quanto foram,
quem sabe,
um dia os seus acenos."


sexta-feira, 13 de março de 2009

A Espera


Vou roubar de você,
toda sanidade,
todo juízo.
Vou tirar seu sossego,
te fazer sonhar,
me desejar...
Vou esperar até ouvir
sua voz sedenta
me chamar.
E te farei repetir
até eu acreditar...
Te Amo
e contigo quero ficar!!!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Uma visita especial....


Um anjo vem todas as noites:

senta-se ao pé de mim, e passa

sobre meu coração a asa mansa,

como se fosse meu melhor amigo.

Esse fantasma que chega e me abraça

(asas cobrindo a ferida do flanco)

é todo o amor que resta

entre ti e mim,
e está comigo.


O pouco que sobrou


Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar

Se tudo é tão ruim por onde eu devo ir?

A vida vai seguir,

Ninguém vai reparar

Aqui nesse lugar eu acho que acabou,

Mas vou cantar

Pra não cair fingindo ser

Alguém que vive assim

De bem

Eu não sei por onde fui

Só resta eu me entregar

Cansei de procurar o pouco que sobrou

Eu tinha algum amor

Eu era bem melhor

Mas tudo deu um nó

E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia

Manda essa cavalaria

Que hoje a fé me abandonou


Quero você

Quero você,
Invadindo meu corpo.
Queimando minha carne.
Lavando minh’alma.

Quero você,
No silêncio da noite.
No claro do dia.
Em todas as horas.

Quero você,
Gemendo e morrendo.
Amando e amado.

Quero você,
Sedutor...
Seduzido, seduzindo.
Mostrando os caminhos,
Do nosso prazer.

Quero você,
Rompendo barreiras.
Falando besteiras.
Num tempo sem fim.

Enfim,
Quero você,
Inteiro em mim.


terça-feira, 10 de março de 2009

Eu...

Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

domingo, 8 de março de 2009

8 de Março - Dia Internacional da Mulher


Nós mulheres somos seres mutantes.
Nascemos e morremos muitas vezes durante o dia.
Morremos, quando precisamos deixar sentimentos e pessoas que para nós sempre foram muito especiais.
Morremos quando precisamos dizer não a um filho, porque sabemos que aquilo vai doer.
Morremos quando olhamos pra trás e descobrimos que não tivemos tanto valor na vida de alguém como gostaríamos.
Mas nascemos e renascemos também...
Quando ganhamos um sorriso sincero de uma criança, a única prova de amor verdadeira que podemos receber, além do amor de nossos pais.
Nascemos quando um amigo querido nós dá um abraço.
Nascemos quando descobrimos que além e apesar de muitas coisas, somos capazes de amar e amamos...
E como amamos.
Deus em sua suprema sabedoria nos deu um único coração, igual a todos os outros seres vivos existentes, mas esse único coração é capaz de muitos sentimentos ao longo de um único dia.
Esse coração acomoda todo mundo de maneira que ninguém se sinta menosprezado, todos sabem exatamente qual é seu lugarzinho ali...
Os filhos, o marido, os pais, os irmão (os dados por Deus e os que ao longo da vida, ele (coração), adota) e essa adoção é tão forte que nem nos lembramos que não são irmãos nascidos do mesmo pai e da mesma mãe.
E mesmo quando um desses irmãos se vai, por vontade própria ou por opção, o lugar dele vai ficar ali, outros virão, mas não irão, nunca, ocupar aquele lugar.
Quantas vezes, mergulhadas em nossa dor, somos capaz de uma palavra amiga,
de um sorriso e de um afago, em quem também está doendo....
E isso serve de bálsamo pra nossa alma.
Incontáveis vezes concordamos ou aceitamos determinada situação, quando na verdade nossa vontade era gritar: Não, não concordo não aceito... Isso está errado e não é justo comigo...
Mas, sufocamos isso e levamos a vida em frente...
E isso passa a ser mais uma, entre tantas cicatrizes.
Hoje, parabenizo a cada uma de nós...
Deixo aqui minha admiração e gratidão a cada uma de vocês,
que fizeram com que me sentisse melhor...
Que secaram minhas lágrimas....
Que me ouviram esbravejar...
Mas que sabiam que aquilo tudo passaria,
e permaneceram ao meu lado apesar disso tudo.

Amo todas vocês!




Eu simplesmente




quinta-feira, 5 de março de 2009

Amores mal resolvidos

Olhe para um lugar onde tenha muita gente:
Uma praia num domingo de 40º, uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade. Metade deste povaréu sofre de Dor de Cotovelo.
Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estimação, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos tem um Amor Mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação.
Tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórico no assunto, acho que as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo. Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim.
Você sabe, o amor acaba. É mentira dizer que não.
Uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais.
Mas um dia acaba e se transforma em outra coisa: lembranças, amizade, parceria, parentesco, e essa transição não é dolorida se o amor for devorado até o fim.
Dor de Cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote.
O amor tem que ser vivenciado. Platonismo funciona em novela, mas na vida real demanda muita energia sem falar do tempo que ninguém tem para esperar.
E tem que ser vivido em sua totalidade.
É preciso passar por todas etapas: atração, paixão, amor, convivência, amizade, tédio, fim.
Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos amores.
Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez. Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize.
Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade.
Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para Ser Feliz Novamente.
Não existe pessoa certa, todas as pessoas são certas e todas são únicas, portanto, se você alguma vez achar que perdeu o amor da sua vida, outros amores virão ou mesmo o velho amor pode pintar outra vez.


É sempre

tanta dor,
tanto amor...
tanta ilusão,
tanta incompreensão...
tanta ternura,
tanta loucura...
tanto saber,
tanto querer...
tanta beleza,
tanta incerteza...
tanto chorar,
tanto cantar...
tanta cor,
tanto sabor...
tanto tropeço,
tanto começo...
tanta saudade,
tanta vontade...
tanto pulso,
tanto soluço...
tanto respiro,
tanto suspiro...
tanta lembrança,
tanta cobrança...

Bom mesmo ser criança
inteiro de pura esperança...

terça-feira, 3 de março de 2009

Quando precisar de mim...

- Diga meu nome ao vento,
ouvirei seu chamado.
- Ouça aquela música que me agradava,

me encontrará nos acordes.
- Olhe o céu,

receberá das estrelas um doce abraço.
- Ande na chuva,

e saiba que cada pingo
é uma lágrima que eu secaria do seu rosto.
E mesmo que não haja esses elementos,

se ainda assim, precisar de mim...
Pense em todos os momentos que tivemos,
lembre do som da minha voz e do meu riso.
Certamente isso será tão forte

que chegará até mim,
e eu pedirei a um anjo pra te dizer:

"Venha, estou aqui"
Para - M. R. S

segunda-feira, 2 de março de 2009


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida

Que eu já tô ficando craque em ressurreição

Bobeou eu tô morrendo

Na minha extrema pulsão

Na minha extrema-unção

Na minha extrema menção

de acordar viva todo dia

Há dores que sinceramente eu não resolvo

sinceramente sucumbo

Há nós que não dissolvo

e me torno moribundo de doer daquele corte

do haver sangramento e forte

que vem no mesmo malote das coisas queridas

Vem dentro dos amores

dentro das perdas de coisas antes possuídas

dentro das alegrias havidas


Há porradas que não tem saída

há um monte de "não era isso que eu queria"

Outro dia, acabei de morrer

depois de uma crise sobre o existencialismo

3º mundo, ideologia e inflação...

E quando penso que não

me vejo ressurgida no banheiro

feito punheteiro de chuveiro

Sem cor, sem fala

nem informática nem cabala

eu era uma espécie de Lázara

poeta ressuscitada

passaporte sem mala

com destino de nada!


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida

ensaiar mil vezes a séria despedida

a morte real do gastamento do corpo

a coisa mal resolvida

daquela morte florida

cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos

cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos

que já to ficando especialista em renascimento


Hoje, praticamente, eu morro quando quero:

às vezes só porque não foi um bom desfecho

ou porque eu não concordo

Ou uma bela puxada no tapete

ou porque eu mesma me enrolo

Não dá outra: tiro o chinelo...E dou uma morrida!

Não atendo telefone, campainha...

Fico aí camisolenta em estado de éter

nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!

Tô nocauteada, tô morrida!


Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa

não tem aquela ansiedade para entrar em cena

É uma espécie de venda

uma espécie de encomenda que a gente faz

pra ter depois ter um produto com maior resistência

onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)

e fica feito a justiça: cega


Depois acorda bela

corta os cabelos

muda a maquiagem

reinventa modelos

reencontra os amigos que fazem a velha e merecida

pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"

E a gente com aquela cara de fantasma moderno,

de expersona falida:

- Não, tava só deprimida.

O Fruto do Tempo...

Estou me despedindo das dores.

Não que eu não carregue mais mágoas,

mais lembranças, rancores...

Apenas, mergulho em novas águas,

buscando novos amores,

esperando colher nas margens

as sementes largadas no rio.

Ainda tenho meu lado sombrio.

Mas perdi minha juventude na tristeza

enchi garrafas com minhas lágrimas

me jogando em incertezas

exalando pelos poros lástimas...

Não ganhei nada em troca.

Só feridas sobrepostas,

cicatrizes tortas,

uma natureza morta

que apagou o meu brilho.

Mas como um velho vinho,

melhorei com o tempo,

renasci do tormento

lançando palavras ao vento...

que voa e se perde,

mas volta e me ergue

na bondade que traz consigo,

no consolo do ombro amigo

que não cheguei a conhecer...

Mas hoje, me conheço.

Sou o fruto do tempo.

Um ser em movimento,

aprendendo com os próprios erros...

domingo, 1 de março de 2009

Eu quero você

Me beijando no ouvido, falando baixinho,
Me fazendo sonhar.

Eu quero você,
Me tirando os espaços, me dando um abraço,
Me roubando um suspiro.


Eu quero você,
Para deitar no seu peito,
Despertar o desejo, esquecer o que é direito.


Eu quero você,
Para te olhar de pertinho,
Te beijar sem censura,
Te levar a loucura.


Eu quero você,
A me morder de mansinho,
A me fazer um carinho, a me fazer flutuar.


Eu quero você,
Para afagar meu cabelo, descobrir o que penso,
ser um pouco de mim.


Eu quero você,
todinho pra mim!


Nua...

mas para o amor
não cabe o pejo.
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo fremente,
a minha boca obedecia.
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos,
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem!
– num frenesi, no seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem!
– disse ela, louca,
Moralistas, perdoai!
Obedeci...