As relações raramente terminam de forma consensual.
Sempre um dos lados é que decide.
E quem decide ir, prepara-se para este momento, deixando para quem fica, todo o ônus da sua decisão.
Porque ao decidir-se, ele vai preparando-se e livrando-se dos vestígios e fragmentos da vida que foi um dia compartilhada.
Já, quem fica, precisa lidar sozinha com a dor e a frustração.
Precisa se reestruturar, reorganizando dias, noites, pensamentos, sonhos e desejos.
Quem vai, leva na bagagem expectativas de futuro.
Quem fica, trona-se refém do passado.
Para começarem, as relações precisam da anuência de ambos, para acabarem, basta a vontade de um.
Mesmo sabendo quanto essa decisão causará, ele não exita um instante em executá-la.
Quem vai, segue adiante e vislumbra uma estrada sem fim à sua frente.
Quem fica, roda em círculos, perdido, sem saber qual caminho seguir.
Quem vai, tem um mundo de sonhos.
Quem fica, vive o pesadelo.
Quem vai, sabe os motivos.
Quem fica, passa a caçar aqui e ali, alguma coisa que o justifique.
Quem vai, renasce.
Quem fica, morre um pouco a cada dia, alimentando-se dos momentos de felicidade.
Quem vai, busca novos horizontes.
Quem fica, pede que pelo menos os dias ao nascerem, demorem muito a acabar, para que a noite não o engula, trazendo fantasmas refletidos em cada canto de si mesmo.
Quem vai, leva alegria estampada no rosto.
Quem fica, carrega o peso da tristeza, impregnada na alma.
Quem vai, tem nos olhos, o brilho da esperança.
Quem fica, tem o olhar ofuscado pelas lágrimas.
Quem vai, não olha pra trás.
Quem fica, não vê o futuro.
Acho que existem partidas estáticas, sabe? Não, não é contra senso, nem desfio à física ou metafisica. São estáticas quando todo movimento é retorno a pontos cegos, sabe estes que existem nos retovisores dos carros e só nos aprecebemos deles quando queremos ver o que vai ficando para trás? Pois é, estes pontos estão lá, indiferentes a que estrada seja de ida ou de volta. Parados. Um princípio nisso tudo é imutável: quem parte, aonde vai se leva junto e quando chega se trás junto.
ResponderExcluirE acho que existem permanências que são como pontos de fuga, de onde emerge o movimento imprevisível da alma e das coisas da natureza.
Vale à pena encher as malas deles para não ir a lugar algum, para apenas ficar em casa.
Beijos, minha I.E!
Dizem que poucos olhares masculinos conseguem enxergar a alma dos outros, já os femininos, raros são os que não conseguem. Seu texto é lindo é demonstra exatamente isso, seu olhar como sempre vendo além das palavras e além do que é realmente mostrado.
ResponderExcluirQuem vai, sempre encontra o novo mais rápido e com mais facilidade. Quem fica, fica com o trabalho de entender que muitas vezes a nova situação é necessária, mais que isso, é o melhor...
Beijo, querida Olhar!
Excelente texto, muito verdadeiro... De fato, ouvi há pouco uma amiga dizer que termianra o namoro, pela primeira vez (desde várias idas e vindas) e que , dessavez, não entendendo bem arazão, nada sofria comparado às outras vezes que o namorado terminara com ela. A princípio pensei que se tratava de uma questão de ego mas, pouco depois, cheguei a essa mesma conclusão que você. É muito mais fácil terminar, pois quando você dá a palavra final, já passou por todas as fases, já se livrou do passado e pronto. O outro é que fica com o ônus do passado, meio perdido sem saber bem o que houve... Parabéns pelo blog!
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