segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quem vai e Quem fica...

As relações raramente terminam de forma consensual.

Sempre um dos lados é que decide.

E quem decide ir, prepara-se para este momento, deixando para quem fica, todo o ônus da sua decisão.

Porque ao decidir-se, ele vai preparando-se e livrando-se dos vestígios e fragmentos da vida que foi um dia compartilhada.

Já, quem fica, precisa lidar sozinha com a dor e a frustração.

Precisa se reestruturar, reorganizando dias, noites, pensamentos, sonhos e desejos.

Quem vai, leva na bagagem expectativas de futuro.

Quem fica, trona-se refém do passado.

Para começarem, as relações precisam da anuência de ambos, para acabarem, basta a vontade de um.

Mesmo sabendo quanto essa decisão causará, ele não exita um instante em executá-la.

Quem vai, segue adiante e vislumbra uma estrada sem fim à sua frente.

Quem fica, roda em círculos, perdido, sem saber qual caminho seguir.

Quem vai, tem um mundo de sonhos.

Quem fica, vive o pesadelo.

Quem vai, sabe os motivos.

Quem fica, passa a caçar aqui e ali, alguma coisa que o justifique.

Quem vai, renasce.

Quem fica, morre um pouco a cada dia, alimentando-se dos momentos de felicidade.

Quem vai, busca novos horizontes.

Quem fica, pede que pelo menos os dias ao nascerem, demorem muito a acabar, para que a noite não o engula, trazendo fantasmas refletidos em cada canto de si mesmo.

Quem vai, leva alegria estampada no rosto.

Quem fica, carrega o peso da tristeza, impregnada na alma.

Quem vai, tem nos olhos, o brilho da esperança.

Quem fica, tem o olhar ofuscado pelas lágrimas.

Quem vai, não olha pra trás.

Quem fica, não vê o futuro.


3 comentários:

  1. Acho que existem partidas estáticas, sabe? Não, não é contra senso, nem desfio à física ou metafisica. São estáticas quando todo movimento é retorno a pontos cegos, sabe estes que existem nos retovisores dos carros e só nos aprecebemos deles quando queremos ver o que vai ficando para trás? Pois é, estes pontos estão lá, indiferentes a que estrada seja de ida ou de volta. Parados. Um princípio nisso tudo é imutável: quem parte, aonde vai se leva junto e quando chega se trás junto.
    E acho que existem permanências que são como pontos de fuga, de onde emerge o movimento imprevisível da alma e das coisas da natureza.
    Vale à pena encher as malas deles para não ir a lugar algum, para apenas ficar em casa.

    Beijos, minha I.E!

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  2. Dizem que poucos olhares masculinos conseguem enxergar a alma dos outros, já os femininos, raros são os que não conseguem. Seu texto é lindo é demonstra exatamente isso, seu olhar como sempre vendo além das palavras e além do que é realmente mostrado.
    Quem vai, sempre encontra o novo mais rápido e com mais facilidade. Quem fica, fica com o trabalho de entender que muitas vezes a nova situação é necessária, mais que isso, é o melhor...

    Beijo, querida Olhar!

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  3. Excelente texto, muito verdadeiro... De fato, ouvi há pouco uma amiga dizer que termianra o namoro, pela primeira vez (desde várias idas e vindas) e que , dessavez, não entendendo bem arazão, nada sofria comparado às outras vezes que o namorado terminara com ela. A princípio pensei que se tratava de uma questão de ego mas, pouco depois, cheguei a essa mesma conclusão que você. É muito mais fácil terminar, pois quando você dá a palavra final, já passou por todas as fases, já se livrou do passado e pronto. O outro é que fica com o ônus do passado, meio perdido sem saber bem o que houve... Parabéns pelo blog!

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