As relações raramente terminam de forma consensual.
Sempre um dos lados é que decide.
E quem decide ir, prepara-se para este momento, deixando para quem fica, todo o ônus da sua decisão.
Porque ao decidir-se, ele vai preparando-se e livrando-se dos vestígios e fragmentos da vida que foi um dia compartilhada.
Já, quem fica, precisa lidar sozinha com a dor e a frustração.
Precisa se reestruturar, reorganizando dias, noites, pensamentos, sonhos e desejos.
Quem vai, leva na bagagem expectativas de futuro.
Quem fica, trona-se refém do passado.
Para começarem, as relações precisam da anuência de ambos, para acabarem, basta a vontade de um.
Mesmo sabendo quanto essa decisão causará, ele não exita um instante em executá-la.
Quem vai, segue adiante e vislumbra uma estrada sem fim à sua frente.
Quem fica, roda em círculos, perdido, sem saber qual caminho seguir.
Quem vai, tem um mundo de sonhos.
Quem fica, vive o pesadelo.
Quem vai, sabe os motivos.
Quem fica, passa a caçar aqui e ali, alguma coisa que o justifique.
Quem vai, renasce.
Quem fica, morre um pouco a cada dia, alimentando-se dos momentos de felicidade.
Quem vai, busca novos horizontes.
Quem fica, pede que pelo menos os dias ao nascerem, demorem muito a acabar, para que a noite não o engula, trazendo fantasmas refletidos em cada canto de si mesmo.
Quem vai, leva alegria estampada no rosto.
Quem fica, carrega o peso da tristeza, impregnada na alma.
Quem vai, tem nos olhos, o brilho da esperança.
Quem fica, tem o olhar ofuscado pelas lágrimas.
Quem vai, não olha pra trás.
Quem fica, não vê o futuro.