sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Íntimo, pessoal e intransferível

Ele a olhou com aquela saudade peculiar de dias a fio sem lhe sentir o cheiro, nesse único olhar reteve seus cabelos, olhos e lábios, suavidade, enigma e textura, os sentiu úmidos cedendo aos seus. Algo se desprendeu dele deixando um vazio no estômago, com as mãos nos bolsos e um meio sorriso por baixo do bigode de pelos claros, se encaminhou com passos lentos até ela.
Com o cuidado de se saber em público ela lançou um dos braços sobre aqueles ombros queridos e o trouxe para bem perto, deixando que suas bocas se tocassem enquanto dizia baixinho: – Quero você agora!
No caminho de volta ele mantinha uma mão no volante do carro enquanto a outra lhe massageava a nuca, quente, firme, capturando todos os momentos em que seus pelos se eriçavam. Ouviu-lhe um suspiro enquanto ela se tocava por sobre o jeans escuro, sem olhá-lo.Ninguém que cruzasse com o seu veículo imaginaria a febre que ardia ali.
Segura, ela desvencilhou-lhe o sexo rijo libertando-o de sua prisão quase dolorosa, úmido, latejante, agora aquele instrumento de prazer e agonia fazia parte de sua mão como se sempre houvesse estado lá.A urgência de se pertencerem por completo os instigava.
No quarto em penumbra, ela se despiu para ele lentamente, o sutiã delicado de renda negra repousou esquecido junto à blusa de tecido leve, passou as mãos sobre os seios e se sentiu contrair onde a sua umidade já fluía à espera de um naufrágio muito ansiado, quando percebeu o olhar dele sobre sua pele clara... Mamilos endurecidos.
Sem ousar respirar ele a trouxe para junto do seu corpo, sua boca acompanhava os caminhos que iam se desnudando ao lhe remover o jeans, ela, a cabeça lançada para trás e segurando-lhe os cabelos com força, encaminhou-o para o centro do seu corpo, gemeu alto ao se deixar invadir, sugada e acarinhada ritmicamente por aquela língua quente e buliçosa, sentiu-se flutuar entre luzes e sombras.
Não! Não era o momento, seu momento teria que ser o dele, supremo, impudico, partiria junto com ele, para não sabia onde.

Deitados na enorme cama ela retribuiu o carinho, o trouxe para dentro de sua boca, ansiando devorá-lo inteiro, querendo ser seu elemento mais profundo, naquele vai e vem inebriante.
De assalto, ele a virou de costas, forçou-lhe o corpo em arco, tinha uma leve consciência da resistência a penetração, já não pensava em mais nada, a cama já não existia, o quarto sumira diluído nos gemidos dela, movimentava-se devagar como se seguisse a batida de uma música.
Sabia que o momento dela se aproximava, retirou-se e a colocou de frente para ele, queria ver seus olhos quando desfalecesse, queria saber-se responsável por aquela morte, seria conjunta...
Manteve-se dentro dela, progressivo, cada vez mais fundo. As unhas dela cravaram-se em suas costas enquanto suas pernas o aprisionavam num abraço da forma que queria e precisava.

Uma corrente elétrica percorria sua espinha dorsal agora, mas estranhamente não aquecia, esquivava-se e perdia-se em seus músculos, o fazia sentir disforme, perdido como ela, entre cores indefiníveis e ausência de som. E então ele se sentiu desaparecer. Um grande bug esfacelou seus sentidos, silenciosamente escorria inteiro para dentro dela, gota a gota, até a última...
Comungaram da mesma morte, provaram do mesmo nada e ainda assim estavam íntegros para outra viagem...



"Escrito por uma grande amiga"

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